terça-feira, março 31

Soneto romântico-metafórico da simples coisa

Tu és, ó minha amada,
Meu exagero [de romantismo]
E entre nós há um abismo
Coberto em tua mão gelada.

Teus braços são galhos tristes
[Da árvore que o outono castiga]
Foges ao vento antes que eu consiga
Fazer-te parte de tudo o que existe.

Tua face é tão lisinha!
Que quanto te olhas no espelho
Divide o azul [do mar vermelho]
Faz de águia a andorinha.

Teus cabelos picotados
Demonstram em si a rebeldia
[E exalam uma alegria]
Tão estranha aos mal-amados.

Por fim então, ó minha amada,
Só uma simples coisa te peço,
Que não termines tu onde começo
E sigamos [juntos] a tortuosa estrada,

Ao amor, e não ao sucesso.



neoqeav